Diário dos Contos 1

FOI...

Um dia especial… uma noite especial pela qual me sinto grata. Um novelo de lã, um grupo de pessoas sentadas em círculo… Mulheres, homens, amigas, amigos… Conhecid@s e estranh@s… e contos…

Uma teia de contos muito particular porque cada conto enredado nos seus fios chegou a mim através de uma…
A pestana do Lobo abeirou até ao meu coração pelas mãos de Germana Martin, (e foi escrito também por uma mulher Clarissa Pinkola Estés), este conto fez-me querer abraçar ainda mais a vida, cheira-la, lambe-la, observa-la e ouvi-la. Fez-me compreender O sentido da vida e compreender que a “verdade é que não existe uma única resposta para as grandes questões da vida. Cada um tem de descobrir, de procurar, de construir a sua… Como fez a personagem de Duas Palavras, este outro conto, convergiu em mim através de uma senhora da qual não recordo o nome, só me lembro dos seus cabelos brancos e dos seus enormes óculos, eu costumava ir a sua loja de livros usados e num dia do ano de 1997 ela sugeriu-me a leitura dos Contos de Eva Luna (outro/livro escrito por uma mulher, que por coincidência se chama como a minha mãe, Isabel. O livro foi escrito por Isabel Allende).
Seguindo o fio da teia, esbarro com o Capuchinho Vermelho, confesso que este conto, sempre me foi distante, eu não gostava particularmente dele quando era pequena, talvez porque a versão que me contaram era a do final em que o caçador retira a avozinha e a menina da barriga do lobo. Para ser sincera eu questionava-me como era possível, não fazia sentido, se ele as comeu, elas não podiam estar vivas e sair inteiras da sua barriga… enfim! Anos depois, mais crescida, chegou até mim (não sei como) uma outra versão a que no final o lobo comia a menina e ponto final mas essa versão, apesar de melhor, não me conquistou. Continuava a achar estranho que a menina não se apercebesse das intenções do lobo, ele dava muito nas vistas! Mas enfim… Contudo há pouco tempo bateu a porta do meu corpo uma nova capuchinho, Una caperucita roja, bem mais sedutora e foi logo amor a primeira vista. Encontramo-nos por mera coincidência (será?!) numa livraria em Madrid, uma livraria algo peculiar, a «Librería de Mujeres de Madrid» e só depois de namorarmos a tarde toda é que cai em mim, esta capuchinho tinha sido parida por uma mulher, Marjolaine Leray. Mas confesso que nessa tarde compreendi o poliamor, pois também me apaixonei por uma vulva (muito especial a Vulvalución gestada por mulheres para mundo) que me fez ver os verdadeiros motivos do meu enamoramento súbito por esta nova capuchinho.
E estes contos (e outros) de sussurros femininos tinham de ter nascido de alguma mulher, pensei eu!
E assim é, descobri que nasceram de La Madre de los Cuentos, este conto francês chegou ao meu ventre pela boca de uma mulher e amiga, Caroline Mantoy, com quem me cruzei em Janeiro de 2010 e partilhei momentos de amizade e contos.
Como disse no início, construímos uma teia de contos (que para mim foi) muito particular porque cada conto enredado nos seus fios chegou a mim através de uma mulher(es), como se juntas (sem ninguém ver) tecêramos uma teia de amor, esse amor com que eram veneradas as mulheres em culturas ancestrais… esse amor com que se contavam contos de boca a orelha… esse amor que partilhavam homens e mulheres de todas as cores. Uma teia a que cada um juntou mais um conto.
Grata a todos os que estiveram e se juntaram a esta teia…
Pedro e ao amigo do Pedro (não recordo o teu nome, desculpa!), Belarmino, Ana C., Clara, Susana, João, Mafalda, Sofia, a senhora francesa que tinha um nome muito bonito (mas que a memoria me rouba) Andie e os dois cavalheiros que a acompanhavam, Nuno, Luciano, Filipe, Vanda, "Primo", Ana S… Grata a todos os que queriam estar e aos que estiveram sem estar. Grata a Terra na Boca pelo convite para participar na Feira do Bairro, uma feira de sabores, cheiros, sons, carícias e cores tecidas por gente que não tem medo de “doar corações”.
Eu nasci do ventre de uma mulher e quando morrer regressarei ao ventre de uma mulher. Entre um momento e outro vou conhecendo o meu e o delas.
abraçO raiz
Aida Suárez

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