O meu nome é Aida Suárez Gutierrez
Caldas. Nascida no Porto e criada entre Porto e León (Espanha). Actualmente
vivo feliz no Porto.
Sou uma mulher, que desde que
me lembro, tive consciência de que ser mulher era algo muito profundo e
especial mas cresci rodeada da ideia de que ser mulher era uma condição
inferior e que de muitas maneiras podia ser uma condição de dor e de incerteza e
cresci vendo como muitas mulheres para driblar essa dor se desconectavam do seu
corpo de mulher e das suas necessidades especificas. Mas de uma maneira que não
sei explicar todo o meu ser se negou a crescer assim achar que ser mulher era
algo tosco que tinha de travar lutas constantes para se ajustar as demandas
familiares, sociais, económicas, culturais… Ao mesmo tempo cresci rodeada de
mulheres conectadas com o seu corpo de mulher, mulheres fortes que tinham
coragem para dizer “não” e que lutavam e lutam para que na nossa sociedade não
só os homens tenham direitos e acima de tudo mulheres que sabiam que a dor
(física e emocional) não era um estado natural da mulher.
E foi duas de estas mulheres
com quem comecei este caminho, mesmo sem saber, de JardineriaHumana (a minha mãe e a Margarida
Serra) de forma mais interventiva socialmente, fazendo parte de um grupo de
jovens que actuava na área da saúde. O Grupo era orientado pela Dr.ª Margarida
Serra, com iniciativas de informação e formação, tinha apenas 14 anos quando
comecei a participar em acções de informação sobre sexualidade, maternidade
na adolescência, saúde oral, entre outros…
E foram as minhas vivências
nestas iniciativas que me levaram a estudar Animação Sociocultural, percebi que
queria que o meu trabalho, não fosse apenas uma fonte de rendimento para mim
mas também uma fonte de crescimento pessoal e que contribuísse para a
sociedade, estimulando a iniciativa e a participação das populações no processo
do seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida em que estão
integradas.
Mais a frente, depois de uma
situação de saúde que estremeceu as minhas estruturas internas e externas
comecei a investigar o meu corpo, a ouvir as minhas sensações e emoções, com
ajuda de outras grandes mulheres que fui encontrando pelo caminho descobri a
relação íntima entre o que eu era como mulher e a relação com a minha mãe e com
as mulheres da minha família. Numa primeira etapa do caminhar, foi essencial
para mim ter encontrado o Rebirthing da mão da Clarisse Firmino. E com ela/ele
confirmei algo já tinha intuído: a respiração é uma fonte de conexão brutal com o meu
corpo.
Nesta etapa onde a respiração
me ajudou a conectar com o meu corpo experienciei outro grito do meu corpo (mais
um processo de doença que abanou estruturas) e percebi uma vez mais como as
emoções das mulheres da minha linhagem materna estão intimamente ligadas com a
minha saúde e aqui dei mais um passo em direcção à minha origem, em direcção à minha mãe para conectar o que fui com o que verdadeiramente sou. Nesta etapa do
caminho a arte, especialmente a escrita, foram o veículo para continuar esta
viagem, nesta etapa tinha a companhia de Germana Martin (Ateliers de Escrita Xamânica) e de muitas outras grandes mulheres.
E assim fui procurando
aprender mais sobre mim e sobre o universo das mulheres e nesta procura destaco
os encontros, formação e aprendizagem que tive com Sabrina Alves (CírculosSagrados de Visões Femininas, Brasil); Clara Haddad (Narração de Contos,
Portugal|Brasil); Samai Mujer Medicina (Captación para sostener de Círculos deMujeres, Chile); Mónica Felipe-Larralde (Curso Consciência de mi Cuerpo deMujer, Espanha), etc.
Continuo a caminhar mas agora
faço-o com a consciência de que cada passo que dou, dou-o desde o meu corpo de
Mulher e com o compromisso de acompanhar outras mulheres a fazer esta viagem que
Rompe, Rasga e Floresce e desenha uma espiral de úteros que nos guiam ao centro
da nossa sabedoria.
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